quinta-feira, 31 de março de 2011

A FILOSOFIA QUESTIONA A LIBERDADE

A QUESTÃO DA LIBERDADE


Segundo a definição encontrada no Aurélio, “liberdade é a faculdade de cada um se decidir ou agir segundo sua própria determinação”. A partir daí, parece-me relevante investigar se “determinar-se a fazer algo” pressupõe, já em si mesmo, ter as condições para tanto, isto é, não estar-se sujeito nem a obstáculos insuperáveis, nem a coações ou repressões de qualquer ordem. Creio ser necessário examinar se é possível aos homens, em todas as instâncias de sua existência, ou pelo menos em alguma delas, um nível de liberdade incondicional, ou absoluta. Em outras palavras, proponho uma investigação sobre a possibilidade de haver “liberdade” na condição humana de existência e, caso haja, que tipo de liberdade será essa.
Pode-se falar de ‘liberdade natural’, ‘liberdade política’, ‘liberdade de expressão’, ‘liberdade de credo’, livre arbítrio etc, etc. Portanto, logo se vê, pela complexidade do tema, que a discussão, ou problemática da liberdade, foi e sempre será um desafio para a Filosofia. Dependendo do âmbito em que se trata, ao ser humano é atribuído maior ou menor grau de liberdade, ou mesmo liberdade nenhuma.
Perscrutando os anais da História da Filosofia, percebemos que, em todos os tempos, sempre houve defensores e teóricos da liberdade que fomentaram esta polêmica temática. Aristóteles é um dos primeiros a tratar deste tema em seu Ética a Nicômacos, quase 400 anos antes de Cristo. Ali, liberdade é considerada como um ‘ato voluntário’ de escolha entre alternativas possíveis. Vista assim, parece bastante razoável, mas a verdade é que o pensador grego estava longe de imaginar os desdobramentos da vida social do homem e as consequências de um ato movido puramente pelo “querer”. O homem grego, pós-mitológico, acreditava que a Razão seria suficiente para provocar nos seres humanos atos virtuosos, de tal forma que sua própria vontade seria a manifestação da ‘virtude’. Mas o passar dos séculos não provou isso. Questiona-se até mesmo se ‘virtude’ pode ser exercitada, que dizer então de ‘exercida’? Se todos nós pudéssemos fazer tudo quanto tivéssemos vontade, muitos de nossos atos extrapolariam os limites de nossos direitos, invadindo os dos outros e pondo em cheque-mate o fluxo salutar das relações humanas.
Os estóicos, ainda no período helenístico, retomam a questão da liberdade, conservando ainda a ideia aristotélica de que ela é autodeterminação ou causa de si, porém diferem de Aristóteles afirmando que liberdade não é a escolha feita pela vontade individual, e sim do todo, do qual os indivíduos são partes. Espinosa e Hobbes, e mais tarde Voltaire, pareciam concordar em que “somos livres para fazer alguma coisa quando temos o poder de fazê-la”. E nisso fomos ficando até o século XVIII.
O filósofo Jean-Jacques Rousseau inicia seu Do Contrato Social dizendo que “o homem nasce livre e, por toda parte, se vê em grilhões”. Com esta sentença, o pensador acusa a instauração do ‘estado de direito’ como entrave à ‘liberdade natural’ do homem. Essa postura acusatória mostra, logo de cara, que o pensador francês seria ainda mais polêmico do que seus antecessores britânicos, Hobbes e Locke. Rousseau é um dos primeiros, senão a perceber, pelos menos a denunciar o quanto o homem perdeu de liberdade com o pacto social. Qualquer pessoa pode perceber claramente que lhe é impossível fazer tudo quanto quiser, uma vez que vive em sociedade e precisa respeitar os códigos de conduta social. Mesmo em seu lar, o homem tem outros membros da família para respeitar ou dar satisfação, do que faz e do que não faz. Não basta querer fazer tal coisa, pois a vontade de cada um de nós não pode por si só determinar nossas ações. Estão ali entrelaçados fatores sociais e existenciais, que dizem respeito ao homem e sua comunidade, ou somente a ele individualmente. Este é outro conceito de liberdade – ou seja, a capacidade do ser humano de exercer sua vontade sem constrangimentos ou coerções.
A questão de ser livre desde o nascer, o direito natural, como defendido por Rousseau, teve muitos simpatizantes e serviu como ‘bandeira’ de alguns movimentos sociais, mas, quando olhamos com seriedade para as prováveis consequências de sua aplicação na vida atual, podemos chegar até mesmo a considerá-lo maléfico e, felizmente, também utópico. A liberdade desejada pelo homem é da mesma natureza da felicidade que ele sempre almejou: parece estar logo ali, mas, para o nosso desespero, inalcansável. Talvez a maior dificuldade em sua abordagem seja a insistência de que ela deve ser incondicional e absoluta num mundo onde tudo está sob condições e nada é absoluto.
Marilena Chauí, em seu Convite à Filosofia, lança a seguinte pergunta, que qualquer um de nós haveria de nos fazer: “Se o mundo é um tecido de acasos felizes e infelizes, como esperar que sejamos sujeitos livres, se tudo o que acontece é imprevisível, fruto da boa e da má sorte, de acontecimentos sem causa e sem explicação?”. E ainda: “Não escolhi nascer numa determinada época, num determinado país, numa determinada família, com um corpo determinado. As condições de meu nascimento e de minha vida fazem de mim aquilo que sou e minhas ações, meus desejos, meus sentimentos, minhas intenções, minhas condutas resultam dessas condições, nada restando a mim, senão obedecê-las. Como dizer que sou livre e responsável?”.
O pensador francês, Jean-Paul Sartre tem uma frase famosa em que diz: “estamos condenados à liberdade”. Sua máxima pretende que o homem seja responsável por todas as suas decisões, que a cada momento de sua vida, cada opção seja determinante de tudo que se dará em sua existência. Em outras palavras, saber escolher ou decidir é igual a saber viver. Por este prisma, deixam-se de lado as circunstâncias existenciais, que poderiam muito bem ‘coagir’ o homem a fazer não o que quer, dentro das possíveis opções, mas o que não quer, por falta de opção – e mesmo assim, continuaria ele responsável pelo que viria depois –, estabelecendo-se então aí um dilema insuperável. Essa visão sartreana de liberdade cai como uma luva para a teoria do ‘livre-arbítrio’, elaborada pelo apóstolo Paulo e elevada exponencialmente por Santo Agostinho. Aqui, escolher entre o ‘bem’ e o ‘mal’ está disponível ao homem como exercício autônomo de sua vontade, prova capital de que Deus nos fez e nos quer ‘livres’, no entanto, fica preestabelecido conjuntamente que deliberar-se pelo ‘mal’ é ser condenado a perder o Paraíso, o que põe em xeque, novamente, a validade de tal liberdade, pois, seguindo a linha de pensamento de Monsieur Sartre, seria mais apropriado dizer que “estamos condenados a ser livres no Inferno”, ou por outra, que “somos livres para ao Inferno quando bem desejarmos”.
Tanto no pensamento existencialista quanto na doutrina cristã a palavra ‘livre’ soa menos como ‘responsável’ e mais como ‘culpado’, uma vez que para o Existencialismo o homem não teria uma ‘essência’ – algo de anterior ao seu nascimento no mundo -, e, sim, apenas existência – a partir da qual se pode dizer algo sobre ele (que redundaria numa conclusão mais ou menos assim: “dize-me o que fizeste e te direi quem és”); enquanto, para o Cristianismo, somos herdeiros do “pecado original”, praticado por Adão e Eva, como primeiro ato de ‘plena liberdade’, no início dos tempos. Em suma, o existencialista ‘culpa’ o homem pelos males que, porventura, encontrar em seu caminho (sua existência), enquanto o cristão o acusa de ser desde o berço um ‘fruto da desobediência’ (ou seja, da liberdade mal-exercida). Ai de nós, que só queríamos ser livres, um pouquinho que fosse!
Diante de tantas forças em contrário às nossas vontades, a noção de liberdade passa a se delimitar a um campo puramente subjetivo. Por exemplo: para aquele que passou anos na prisão, o fato de findar sua pena, representa a retomada de sua liberdade, porém, para homens excelsos, como Mahatma Gandhi (líder político-religioso, responsável maior pela libertação da Índia do domínio britânico), ser colocado na prisão representava uma ótima oportunidade de descansar da agitação política lá de fora; na prisão, ele tinha tempo, tranqüilidade e liberdade para ler, meditar e elaborar seus escritos. Esse pequeno grande homem parecia saber muito bem o preço da liberdade, por isso chegou a declarar: “Nunca sacrificarei a verdade e o ahimsa, nem pela liberdade de minha pátria”.
Os poetas, assim como os pensadores, também elaboraram sonetos, quadrinhas e versos tendo a liberdade como tema. Mas a estes devemos perdoar, uma vez que diferentemente da Filosofia, a arte poética é lúdica, visionária, imaginária e, por isso mesmo, utópica. De braços dados com a poesia voeja célere nosso ‘sonho de liberdade’. Sonhar que somos livres não desabona nossa condição de homens adultos, do mesmo modo, crer que não o somos não nos deve angustiar – há sempre uma réstia de possibilidade no improvável – seja o sonho, seja a descrença. O ser humano pode, poeticamente é claro, elaborar proposições românticas, como “sou livre porque sou sujeito de todas as minhas experiências”, “as condições preestabelecidas em minha vida não são obstáculos à minha liberdade, pois é em meio a elas que exerço o meu direito de ser eu mesmo”, “determinar-me de que quero é bem mais do que saber se é possível, ou mesmo provável”, etc, etc. Mas tudo isso não passa de romantismo barato – não filosofia, menos ainda realidade. Nenhum poeta pretendeu dar cabo da questão da liberdade, nenhum filósofo foi suficientemente bem-sucedido nesta tarefa. Os códigos éticos, aliados às leis jurídicas e seus mecanismos de repressão e punição, cumprem, bem ou mau, seu papel em meio a uma sociedade de homens de virtude frágil e de liberdade vigiada, nesse contexto, o direito de ir e vir ou de se expressar livremente pode, aqui ou ali, ser preservado ou não.
Assim como a história grega antiga nos fala das Parcas ou Moiras, que representavam o destino que é imposto a cada um de nós pelos deuses, do nascimento à morte, as tradições orientais nos falam do Karma, a lei universal de ação e reação, que é bem diferente, diga-se de passagem. Essa lei cármica é, segundo os hindus, a justa medida de retribuição, de encarnação em encarnação, por tudo que até aqui tenhamos feito, que diga respeito ao que denominamos de Bem ou Mal e, apesar de não termos a possibilidade de em um única existência (necessariamente a atual, pois é nela que gozamos, sofremos e sentimos a própria vida) perceber que o que nos acontece é ‘merecido e justo’, eu, particularmente, jamais encontrei, em minha pesquisa sobre a liberdade do homem, resposta mais plausível e válida para essa questão. É claro que quando coisas ruins ou desagradáveis nos acontecem, como uma doença ou o falecimento de alguém que amamos, naturalmente somos tentados a reclamar, dizendo que não merecemos aquilo e perguntando “por que então nos aconteceu?”, por outro lado, jamais reclamaríamos da sorte de ganhar um grande prêmio lotérico ou escaparmos de um acidente fatal, por exemplo. Esses exemplos podem parecer distantes da questão em debate aqui, ou seja, a de sermos ou não livres, mas não estão, não. Se realmente for verdade, como creio, que os fatos atuais são consequências de nossos atos passados, tenham sido eles praticados sob qualquer condição, vontade, tendência ou coerção, ficará comprovada a existência de uma liberdade que nos foi dada provavelmente muito antes que pudéssemos saber o que era “liberdade”.

quarta-feira, 16 de março de 2011

O MUNDO NÃO VAI ACABAR

A GÊNESIS E O APOCALIPSE
(Trecho do Cap. III, do Livro "O Governante das Estrelas - Da Materialidade do Eterno", ainda não publicado)

Se nos reportarmos ao Bhagavad-Gita, lá encontraremos as seguintes palavras de Krishna: “Deve-se compreender que a natureza material e as entidades vivas não têm princípio” (cap.13, texto 20). “Natureza material” deve ser entendida como o que aqui denomino “Existência” e “entidades vivas”, aquilo que chamo de “jivatmans”.
Também é comum, em todas as culturas e tradições, encontrarmos lendas e profecias sobre um ‘suposto fim de mundo’. A cada virada de milênio, ou de século, segundo relatos históricos, apoderam-se das mentes frágeis de certas pessoas o temor da morte coletiva dos seres humanos, seja por um cataclismo natural, seja por uma ordem divina; grandes epidemias e pestes fazem com que alguns creiam que já é chegado o apocalipse bíblico. Assim, muita gente, mundo afora, aproveita-se dessas visões macabras para vaticinar, aqui e ali, o ‘quando’ desse final dos tempos. Contudo, e felizmente, apesar desses ‘anunciadores da Morte’, o que vemos, a despeito de tais teorias invencionistas, é que o mundo segue em frente, com seus dramas novos e velhos, fazendo girar a roda da Vida, a roda da Existência (Samsara). Não faço ideia de quanto tempo ainda levará para se perceber que a Existência é um drama que se desenrola no eterno resgate de causas e efeitos, que, por sua vez, são engendradores de novas tramas, que, bem observadas, são as mesmas de sempre, trocando-se, às vezes, os atores, nunca os papéis.

“A planta sempre verdeja e floresce, o inseto zumbe, o animal e o homem subsistem em indestrutível juventude, e as cerejas, que já saboreamos mil vezes, nós as temos novamente diante de nós, a cada verão. Também os povos permanecem como indivíduos imortais, mesmo se às vezes mudam de nome, sua conduta, suas ações, seu sofrimento são sempre os mesmos em todos os tempos, ainda que a história pretenda nos contar sempre algo novo”.
Schopenhauer

As pequenas e as grandes guerras, promovidas por governos totalitários e por facções religiosos fundamentalistas e radicais, aliadas a endemias sazonais e epidemias alastrantes, causam uma onda de pavor nas pessoas em geral, pois parecem anunciar que o fim está mesmo bem próximo. A Segunda Grande Guerra alertou o Homem para o perigo da autodestruição (principalmente, devido à possibilidade do uso irresponsável da bomba atômica e de armas químicas e biológicas) e isso tem sido uma preocupação constante dos governos das grandes potências e das organizações promovedoras da paz, constituindo-se como potencial gatilho do “fim do mundo”. Esse “fim”, tão alardeado e vaticinado, sempre esteve “próximo”, tanto na mente de visionários e de fanáticos quanto na imaginação extremamente fértil dos diretores de cinema, mas nunca tão perto que se tornasse uma “realidade”. O recém-lançado filme 2012 não pretende apenas ser uma obra de ficção, como o foram Apocalipse Now e outros, mas uma espécie de ‘aviso’ a toda Humanidade sobre o que virá em breve, devido ao nosso desleixo em cuidar corretamente do planeta Terra. Há relatos de que tanto o seu diretor (James Cameron, diretor de O Exterminador do Futuro I e II, 1984 e 1991, respectivamente) quanto milhares de outras pessoas, mundo afora, acreditam que o mundo terá seu “tão anunciado fim” no dia 21 de dezembro de 2012. Tal suposição fundamenta-se no frágil e incerto fato de que o calendário maia (uma das civilizações mais inteligentes e criativas de todos os tempos) tem seu fim naquela data. Creio, no entanto, e sem hesitação, que, em breve, este se mostrará como apenas mais um dos inúmeros blefes promovidos por alarmistas e falsos Nostradamus, os ‘propagadores da morte’.
O Universo-Existência, essa trama universal, é a ‘lila’ (o passatempo) da Pessoa Suprema, em colaboração com seus coadjuvantes (seres humanos que se passam por grandes e pequenos protagonistas das inúmeras pequenas lilas, neste vistoso planeta azul da Via Láctea). Todos aqueles que são chamados a participar de tão sublime “passatempo” deveriam ficar orgulhosos, tal qual ficam os atores que são convidados a ser coadjuvantes de grandes produções cinematográficas, pois ali terão a tão esperada oportunidade de contracenar com os maiores astros do cinema mundial. A pequenez de cada papel se apaga na grandeza da performance e no prazer de fazer parte da Grande Trama, ou da Peça Teatral da Pessoa Suprema – quiçá, ao lado do Protagonista Maior – o Avatar. Aqueles que se tornaram discípulos, coadjuvantes na trama do Cristo, foram escolhidos a dedo – inclusive Judas, pois era fundamental para o desfecho da ‘lila cristiana’ - “Felizes sois vós em terem a Mim convosco, pois muitos dos santos e patriarcas desejaram ver o que vós agora vedes e não viram” (Mt. 13, 16-17) – foi desta maneira que o Avatar se referiu a isso que acabo de dizer.
Da mesma forma, os seguidores do Buda. Todos estavam prontos para sua trama, também, por isso participaram da ‘lila búdica’, como seus familiares e os súditos do Reino . Quando Krishna apareceu no reino de Mahabharata (Índia Antiga), os guerreiros que ele teve que conduzir, na batalha de Kurukshetra, eram os melhores homens de então, e participaram como figurantes ou coadjuvantes de sua ‘lila’. Muitas vezes, vale mais ser um coadjuvante, ou mesmo um figurante, na ‘lila suprema’ do que se autodenominar ‘representante de Deus na terra’, como alguns imperadores, sacerdotes e papas teimam em se promover, sem que haja neles qualquer ‘talento’, herança ou hierarquia fidedigna.
É muito comum encontrarmos homens de todas as épocas e das mais diferentes linhagens se dizerem representantes do “Bem” ou da “vontade suprema”. Esses charlatães iludem muitos dos seus contemporâneos e, muitas vezes, propagam sua falsa fama por anos ou séculos a fio, mas não podem ludibriar os realmente despertos. Títulos de Ordens Religiosas, ou de Ordens Místicas, ditas outrora “secretas”, muitas vezes não passam de “sepulcros caiados” para cadáveres sem nenhum valor. Alguns homens que ostentaram títulos, como os de Faraó, Sacerdote ou Sumo-pontífice, eram guardiões da ‘Mentira’ e da ‘Ignorância’, não da ‘Verdade’. O papa Gregório Magno (540 – 604), por exemplo, parecia não estar em boa sintonia com “Deus”, pois, ao assistir a derrocada do Império Romano, apressou-se em declarar: “Não sei o que acontece nas outras partes do mundo. Mas na terra em que vivemos, o fim do mundo não só se anuncia, mas já se mostra em ato”. Se ele fosse realmente um representante de Deus na Terra, saberia muito bem, da mesma forma que nós, homens do século XXI, sabemos, que aquilo que testemunhara estava longe de ser o fim.
Quantas vezes o fim do mundo foi anunciado, e ainda será, por ‘profetas da morte’ e ‘visionários da mentira’, e até quando ainda teremos de tolerar as invencionices dessa gente? É impressionante, para não dizer vergonhoso e chocante, como sacerdotes, profetas, gurus e mestres, das mais variegadas doutrinas religiosas, seguem impunes, vendendo a incautos suas mentiras espirituais, vaticinando o fim do mundo, o juízo final, o armagedon, a vitória do Bem sobre o Mal, o retorno do Cristo, o advento de Avatares, e toda espécie de ludibrio, alucinação e devaneio, fruto de suas mentes doentias, pervertidas e perniciosas. A despeito desses tolos, a Natureza se auto-regula e a Existência estende sua trama indefinidamente. Catástrofes, pestes, guerras, tudo o que passou voltará a passar com novos atores, em novos lugares (“ali haverá pranto e ranger de dentes”), mas a Humanidade resistirá e a Vida fluirá outra vez, pois, como bem está escrito, “depois da tempestade vem a bonança”, indubitavelmente.

“A duração de vida para todo um universo, segundo os antigos videntes, é de 314.159.000.000.000 anos solares, ou “Uma Idade de Brahma”.
“As Escrituras hindus declaram que um planeta como o nosso é dissolvido por uma destas duas razões: seus habitantes, como um todo, se tornam completamente bons ou completamente maus. A mente do planeta gera, desse modo, uma força que libera os átomos cativos que, juntos, formavam um corpo celeste.
“De tempos em tempos, publicam-se horrendos prognósticos sobre um iminente “fim do mundo”. Os ciclos planetários, entretanto, sucedem-se de acordo com um plano divino ordenado. Nenhuma desintegração da Terra ocorrerá de imediato; nosso planeta ainda tem pela frente, em sua forma atual, muitos ciclos equinociais ascendentes e descendentes”.
(Autobiografia de um Iogue)

segunda-feira, 14 de março de 2011

FÓRUM MOFICUSHINTH*

FILOSOFIA: TEORIA E PRÁTICA
A Filosofia, segundo antigos gregos, como Platão e Aristóteles, correspondia na prática a uma "vida contemplativa", isto é, fazer meditações sobre as questões do homem e da Natureza, chegando-se assim a uma melhor compreensão da Vida. Essa prática, no entanto, parece incompatível com o estilo de vida atual, no qual a pressa, o estresse e a competição profissional não deixam sobrar tempo para "meditações sobre a vida".
O MOFICUSHINTH* tem propostas para inserir a Filosofia na vida cotidiana, mas quer saber de vocês o que pensam. Então, participem, respondendo à pergunta:
COMO A FILOSOFIA PODE SER UTILIZADA NA VIDA PRÁTICA DO HOMEM, EM SEU COTIDIANO, E NÃO APENAS COMO UMA DISCIPLINA OU UM ESTUDO SOBRE AS OBRAS DOS PENSADORES?

quarta-feira, 9 de março de 2011

NIETZSCHE: VIDA & OBRA

CURSO ON-LINE “NIETZSCHE PARA ESPÍRITOS LIVRES”

A maioria dos autores e comentadores da obra de Nietzsche são unânimes em reconhecer que seu objetivo é a formação de um ser humano de melhor qualidade, a partir de novos valores e de uma nova concepção da própria educação. Nessa perspectiva, estou dando a oportunidade aos leitores do meu blog de conhecerem "quem foi esse filósofo" e "qual a importância da sua obra". Antes, porém, abro esta seção transcrevendo alguns comentários de pessoas envolvidas com a filosofia nietzschiana no Brasil:

"O objeto privilegiado da análise de Nietzsche será a nossa "civilização", Essa atenção dirigida à civilização não é senão a consequência daquilo que será, para Nitzsche, a tarefa essencial da filosofia: a "educação superior da humanidade"."
(Bernadette Siqueira Abrão - A História da Filosofia)


)

“Tomando como base os recentes lançamentos editoriais, tem-se a impressão de que a filosofia do pensador alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche jamais esteve tão em voga. Nos cursos universitários ou livres, o interesse é ainda mais patente, mesmo num país periférico no campo das ideias e do pensamento filosófico como o Brasil."
(Fábio Cardoso - Revista Conhecimento Prático – Filosofia Nº17)

“A obra de Nietzsche permanece inteiramente atual, na medida em que prenuncia grande parte do que foi desenvolvido ao longo do século XX. “Ser nietzschiano” significa não apenas estudar um sistema de pensamento, mas aderir a um modo de vida."
(Sílvia Pimentel Velloso Rocha – Revista Entre Livros Nº18)

“Eu tenho a impressão de que esse fenômeno Nietzsche é algo corrente, uma vez que não é algo corrente apenas nos dias de hoje, mas algo que ocorre há mais de cem anos. A imagem que está ligada à figura do filósofo foi sempre a imagem do iconoclasta, do grande revolucionário; daquele que vai promover uma grande transformação e, em particular, uma mudança no comportamento.”
(Scarlett Marton – organizadora dos Cadernos Nietzsche)

Conhecer a vida e a obra desse filósofo é, e sempre foi, de grande valia, uma vez que o pensamento nietzschiano se apresenta como um desafio constante para a cultura, a moral, a religião e a educação de qualquer sociedade.

Este curso permitirá a você um contato próximo com os principais detalhes da história do pensador alemão, assim como com suas obras de maior relevância. Mais de 10 obras serão apresentadas e comentadas aqui, de forma que você fique por dentro do universo nietzschiano e enriquecido do saber filosófico.

Este curso estará disponível para você gratuitamente, sem qualquer tipo de despesa. Peço apenas que, em retribuição a isso, você siga o blog, promova-o entre seus amigos e parentes e, se possível, faça um convite para uma palestra ou aula presencial, na sua escola ou faculdade, entre seus amigos, funcionários ou colegas de trabalho.

No mais, bom estudo e MUITO OBRIGADO!

FILOSOFIA & TERAPIA

A FILOSOFIA E A ARTE DE CUIDAR

Em seu artigo A Época da Imagem do Mundo, Heidegger nos diz: “A Filosofia é reflexão. E reflexão é a coragem de tornar o axioma de nossas verdades e o âmbito de nossos fins em coisas que, sobretudo, são dignas de serem chamadas em questão”.
A Filosofia, então, nos faz rever nossas verdades, nossas crenças, nossos preconceitos, nossos valores e projetos. Isto é, ela nos faz pensar. Quando pensamos, transformamos nossas crenças e, consequentemente, transformamos nosso jeito de viver.
Terapia é uma palavra que quer dizer ‘assistir’, ‘cuidar’, ‘tratar’ ou ‘velar’ pelo ser. Este significado, que se mantém também em hebraico, indicava a atividade dos primeiros terapeutas. Intérpretes das Escrituras, eles tinham as questões espirituais como seu “objeto de cuidado”. O uso do termo terapia teve como primeira finalidade distinguir os cuidados espirituais, ou da alma, dos cuidados do corpo, realizados pela Medicina.
Na qualidade de intérpretes das Escrituras, os terapeutas eram vistos por Fílon de Alexandria como aqueles indivíduos dotados da ‘arte da interpretação’. Os terapeutas eram aqueles homens que queriam ‘ver com clareza’. Por isso mesmo, eles seriam, antes de tudo, hermeneutas, intérpretes do sentido.
O terapeuta cuida também de sua Ética, isto é, vigia sobre seu desejo, a fim de se ajustar ao fim que fixou para si; este ‘cuidado ético’ pode fazer dele um ser feliz, ‘são’ e simples (não dois, não dividido em si mesmo), isto é, um ‘sábio’ – um terapeuta não cura, ele cuida.
O objeto da terapia é diverso,pois o que cabe na alma e o que cabe no ser, alvos originários da terapia, é indefinível. Cabem as angústias, idiossincrasias, as loucuras, a Ética, os desejos, a felicidade, imagens, pensamentos, palavras. Nenhuma prática ou ciência, assim, detém a propriedade da terapia. Para Fílon de Alexandria, o terapeuta tem por propósito compreender com clareza o ser, interpretar seu sentido, empreender uma hermenêutica do ser. Ora, esse também é o propósito que instaura a Filosofia.
Não fazemmos nada com a Filosofia – ela é que faz alguma coisa conosco. O pensar filosófico, portanto, tem uma maneira específica de agir. Ele nos mobiliza, nos provoca e convoca para a ação no mundo. São os pensamentos que promovem revoluções e toda transformação da história dos homens.

Ћ - Como vemos, uma terapia que não se baseia na Filosofia, ou seja, que não tem por objetivo primeiro e último cuidar do ser, não passa de uma técnica paliativa e sem resultados definitivos. Sua eficácia é momentânea e, enquanto dá alívio imediato aos efeitos, não se ocupa da causa ou causas e mascara o ‘mal’ (a enfermidade do ser) às custas de um corpo aliviado. A T.H* tem seu fundamento na Filosofia (tanto a ocidental, quanto a oriental) e, como uma verdadeira terapia, não ministra placebos nem produz milagres. Há um tempo para cada coisa debaixo do sol.Pense nisso!!!

* Fonte: O texto acima é uma adaptação da entrevista com a Professora e Filósofa Dulce Critelli, publicada na Revista Filosofia – Ciência & Vida Ano III Nº 31.

quinta-feira, 3 de março de 2011

AGRADECIMENTOS

CREDO QUIA ABSURDUM


Gostaria de agradecer a todos os amigos e simpatizantes da causa do MOFICUSHINTH*. Em especial, sem detrimento dos demais, àqueles que enviaram alguma contribuição ou se tornaram parceiros, criando oportunidades para novas atividades - estes são, sem dúvida os grandes suportes desta causa.
A efetivação da amizade, às vezes, prescinde de maiores esclarecimentos e explicações, e a boa vontade diz mais de uma amizade do que mil "palavras". Desde que nos lançamos em campanha, muitas promessas foram feitas, a maioria não passaram de "palavras vazias". Talvez, ali houvesse até um sentimento sincero e uma boa intenção, mas não passaram disso, e causaram o mal da "expectativa desvanecida".É verdade que no futuro muitos dirão que apoiaram, mas o fato real é que "aquele que comigo não ajunta, espalha" e saberemos bem quem "VENCEU CONOSCO".

Nunca, na História da Humanidade, houve algo de notório e espetacular que tenha nascido da ação de homens mesquinhos e medíocres (e a História nunca mente), portanto, aquele que não se fizer maior do que os demais do seu tempo, ainda que se sinta "um indivíduo", será, para os anais da História,"multidão", ou, nas palavras de Schopenhauer, "mais um produto industrial da natureza".
Eu, particularmente, não me admito entre "os medíocres" e, portanto, me pretendo ladeado por outros que também, como eu, não se admitem.
Se até aqui o óbvio foi regra e lei, doravante, deve haver "fagulhas de surpresas e novidades", pelo menos para aqueles que têm olhos para ver, ou, mais extremamente, para os que creem que "o absurdo é possível".
Pessoalmente, tenho feito conquistas que, por si mesmas, dizem do valor do meu trabalho como filósofo, poeta, escritor, músico e professor. Considero todas essas conquistas "pontos ganhos" para este Movimento, porque nunca meu coração pulsou tão empolgado por uma causa; creio mesmo que nunca amei tanto quanto estou amando hoje; nunca olhei com tanta suspeita de que a Vida finalmente seria solo fértil para algo de valor; nunca antes convoquei soldados para um "front" no qual os inimigos fossem a ignorância, a superstição e a desvalorização do homem em favor de crenças, culturas e tradições medievas.
É com esse espírito que desejo abraçar a todos que, de uma forma ou de outra, têm sido, até aqui, os verdadeiros executores desta minha empreitada.
Às vezes, é preciso acreditar mesmo no absurdo para que a realidade a nossa volta não permaneça a obviedade monótona e inexorável que se impõe indefinidamente e oprime nossas vidas, mantendo-as pequenas e sem luz.

MUITÍSSIMO OBRIGADO, MEUS CAROS AMIGOS!!!

terça-feira, 1 de março de 2011

FILOSOFIA & HOLISMO

A CURA QUÂNTICA E A TERAPIA HARI*

Há muito se têm propagado conceitos de medicina holística, na qual mente e corpo devem atuar em perfeita consonância.O médico hindu Dr. Deepak Chopra, associando seus conhecimentos da medicina moderna ocidental à antiga sabedoria indiana conhecida como ayurveda, elaborou uma nova proposta de tratamento que denominou "a cura quântica" (a capacidade de um modo de consciência - a mente - para corrigir espontaneamente os erros em outro modo de consciência - o corpo). Sua teoria é baseada em conhecimentos milenares, recolhidos através dos Vedas, que traduzem a sabedoria dos rishis (iluminados).
A cura quântica do Dr. Chopra é baseada no quantum, que, segundo sua definição, é "um salto descontínuo de um nível de função para outro, mais elevado: a transição quântica". O ponto básico é aceitar que toda forma de energia é constituída por essa unidade mínima, que não pode ser subdividida em nada menor. "Unir, no sentido em que os físicos usam a palavra, significa provar que duas coisas podem se transformar cada uma na outra, num nível mais profundo da natureza", diz o doutor, e acrescenta: "transcender significa também entender que a realidade começa aqui dentro".
A medicina holística do Dr. Chopra também fundamenta alguns princípios da T.H* (embora aquela proponha a cura física propriamente dita, enquanto esta não foi desenvolvida para tal). O ponto em comum é que existe para ambas uma unidade indivisível que se encontra apenas num nível extremamente sutil e profundo. Para a T.H* essa unidade é denominada "jiva" (enquanto existência efetiva no mundo), ou "atman" (como essência ainda mais sutil dessa efetivação).
Resumindo, para a T.H*, promover "a cura real e definitiva" (que não pode ser confundido com o fim dos males existenciais e sim como a compreensão de como eles se produzem e podem ser eliminados)é "retornar" ou "reduzir-se" até o nível do jiva para só então, estando diante das "causas verdadeiras e originais", suspender seus "efeitos reais". Em outras palavras: curar um mal é cortá-lo pela raiz e não tratá-lo com paliativos. Pense nisso!!!