quarta-feira, 11 de maio de 2011

EDUCAÇÃO COMO UM VALOR PERMANENTE

EDUCAÇÃO PARA ALÉM DO AMANHÃ

O texto abaixo foi publicado na Revista Sophia Nº08 (da Sociedade Teosófica)e está em conformidade com a minha prática educacional dos últimos 25 anos. A criança é o objetivo precípuo da educação familiar e escolar, para a formação do homem, do cidadão. Acompanhem o texto e mandem suas dúvidas e comentários, diretamente para este blog, ou através do e-mail: terapiadaeducacao@hotmail.com BOA LEITURA!!!



O Verdadeiro Sentido da Educação

N. Sri Ram

A educação deve fazer parte do processo da expansão da vida, que sempre começa de dentro. A criança é maleável e ainda não possui o nível de autopercepção dos adultos; por isso, é extremamente importante que qualquer ensinamento seja oferecido de maneira agradável, sem violentar seu crescimento natural.

Esse esforço começa no nascimento da pessoa, se não antes. Devemos ter em mente que o fenômeno da expansão começa com uma natureza que não é condicionada nem autoconsciente, e portanto é extremamente maleável. Ela pode facilmente ser afetada não apenas por ações que tenham o propósito de influenciá-la, mas também por influências sutis.

Embora o ambiente tenha grande importância, o mais importante para a criança são as pessoas mais próximas a ela. Mesmo que no ambiente haja muito sofrimento, se a influência dessas pessoas for do tipo certo, até mesmo o sofrimento em torno pode ser um meio de evocar na criança sentimentos de compaixão e simpatia.

A compreensão de que certas coisas não são agradáveis, que elas deviam ser diferentes ou não deviam existir, produz uma mudança na consciência e faz brotar a vontade e a capacidade de modificá-las. Portanto, o instrutor deve ser uma pessoa que possua conhecimento amplo e cuja natureza, incluindo seus pensamentos e emoções, seja útil à criança a cada momento. Podemos tentar entender como um instrutor deve ser, e procurar pessoas que se aproximem desse perfil.

O ambiente para o crescimento da criança deve ser o melhor possível para esse propósito. O objetivo deve ser extrair de cada uma delas suas melhores qualidades e capacidades. Esse é o significado da palavra educação.

Se tudo o que houver de bom numa criança for fortalecido tanto quanto possível nos seus primeiros anos de vida, ela poderá mais tarde partir para o mundo, onde as influências estão muito misturadas, e enfrentar o que quer que seja com a sua força já desenvolvida.

Em educação, parece haver uma teoria segundo a qual a criança deveria ser deixada completamente livre para fazer o que quiser e aprender com as experiências. Mas não deveríamos dizer às crianças que não mergulhem em águas profundas sem saber nadar, ou que fujam de uma cobra venenosa? Deve-se dar às crianças o benefício das experiências de outras pessoas. Se em nome da liberdade a criança fosse deixada vagando pelas ruas e aprendendo por si mesma, não desenvolveria a capacidade de se proteger e de manter a sua liberdade.

Qual deve ser a principal característica da educação nos primeiros anos de vida? Obviamente, a influência que cerca um novo ser – novo para todos os propósitos práticos – deve ser estimulante e salutar. A creche, a sala de aula e o lar devem ser coloridos, não “anêmicos” ou indefinidos. Deve-se cercar a criança com coisas que propiciem o desenvolvimento da sua inteligência, sua capacidade de afeto e tudo o que há de melhor em sua natureza.

Não pode haver nada mais proveitoso para qualquer ser humano do que as influências da natureza, as árvores, as flores, a água corrente, etc. A criança tem um interesse natural por qualquer coisa viva, como as plantas e os animais.

Não sei se todos nós compreendemos o quanto o medo, na educação, é um fator inibidor e prejudicial. Mesmo que haja algo a ser corrigido na criança, o melhor método é explicar e convencê-la de que tal coisa é indesejável. O processo de crescimento é um processo de trazer para fora o que está dentro: suas qualidades inatas, seu gênio, seu talento. Isso só é possível numa atmosfera de liberdade. O instrutor deve se adaptar ao crescimento da criança, encarando os processos desse crescimento como pontos onde o auxílio, a instrução ou a orientação são necessários.

A criança tem uma natureza tripla: a natureza do corpo, das emoções e da mente. Ela se relaciona com tudo à sua volta nesses três níveis. Cada um desses aspectos precisa ser auxiliado para se expandir de um modo natural, sem distorção.

Nos primeiros anos de vida, talvez o crescimento e o controle do corpo requeiram mais atenção. Não é preciso dizer que a criança deve ser alimentada apropriadamente e que o corpo não deve ser negligenciado. O domínio do corpo físico, seu perfeito ajustamento e sua utilização de maneira graciosa e naturalmente expressiva o tornarão um instrumento apropriado para ser usado espiritualmente. Deve-se ajudar a criança a atingir uma certa medida de autocontrole, a coordenar seus movimentos, a usar adequadamente suas pernas e braços e a aprender boas maneiras.

A criança precisa aprender, desde os primeiros anos de vida, a se manter limpa. Depois deve haver um treinamento dos sentidos, incluindo as cores e os sons. Uma das maneiras de entrar em contato com a vida na natureza é ouvir os seus sons.

Os sentidos são as janelas da alma. Quando seu alcance aumenta, toda a superfície de contato com a vida também é aumentada. O pensamento e a formação de imagens, que é parte do nosso pensar, baseiam-se nas impressões dos sentidos. A imaginação não acontece no vácuo; ela é estimulada por nossas reações.

A apreciação das artes e a prática de uma arte específica para a qual a criança tenha aptidão deve ser parte do programa educacional. Esta é, com certeza, uma maneira de refinar e educar as emoções.

As emoções e sentimentos têm um papel mais vital que o corpo físico ou o intelecto. Até mesmo a saúde depende, em grande parte, da condição emocional da pessoa. Mas nossa educação não dá qualquer atenção a isso, e baseia-se quase exclusivamente no cultivo da mente. Se pudermos estimular a capacidade de afeição e simpatia da criança para com os outros, estaremos dando um impulso à sua evolução.

Uma criança deve, desde os primeiros anos, aprender a ter consideração para com os outros em todos os contextos. Além disso, a educação deve preparar o indivíduo para continuar aprendendo pelo resto da vida.

Qual a finalidade da vida? Talvez seja mais vida, com a crescente compreensão de suas potencialidades e do poder de criar, de modo que possa fluir cada vez mais livremente e criar segundo a própria vontade. Deve-se ajudar as pessoas a atingir o mais alto grau de inteligência possível e a serem livres para fazer uso dessa inteligência; então, em sua liberdade, elas poderão fazer o que desejarem. Educar deveria significar “abrir avenidas” nos cérebros e corações dos jovens, avenidas que se alargarão e os levarão em frente em um processo de aprendizado incessante, através de uma corrente de reação construtiva do ambiente para a alma e da alma para o ambiente.

A alma do homem é imortal e seu futuro é o futuro de algo cujo crescimento e esplendor não tem limites. Por isso, a educação no sentido verdadeiro deve ser a educação do corpo, da mente e das emoções, de tal maneira que juntos formem um instrumento para a expressão da alma e a realização do seu propósito.



Verdades fundamentais

A mente deve ser cuidadosamente treinada para desenvolver suas capacidades, e não ser abarrotada com coisas desnecessárias. O importante é desenvolver uma mente que não apenas imite, que seja capaz de agir por si própria e que tente aprender e descobrir as coisas por si mesma, enquanto faz uso do conhecimento dos outros. A mente, como um sensível aparelho de rádio, deve ser capaz de captar as coisas e mantê-las em foco com clareza, percebendo suas implicações e indo além das irrelevâncias em direção à realidade dos fatos.

Uma educação realmente completa deve fornecer à criança os fundamentos de todos os ramos importantes do conhecimento, mas isso deve ser feito sem sobrecarregar sua mente com detalhes. Nós entulhamos nosso cérebro com muitas coisas desnecessárias. Se eliminássemos tudo isso e descobríssemos o que é realmente útil para o indivíduo, o que é essencial saber e o que representa um bom conhecimento do mundo, estaríamos oferecendo uma educação de real valor para a criança.

A tudo isso eu juntaria o ensino de certas verdades fundamentais, como a noção de vida una; o fato de que o homem não é apenas um corpo, mas que usa o corpo; a idéia de que nós criamos nosso próprio destino; e até mesmo a reencarnação e o carma. Tudo isso deve ser apresentado não como um dogma, mas como uma visão de vida, de maneira plausível e razoável.

Uma idéia importante a ser enfatizada desde o início é a de realizar todo trabalho, por menor que possa parecer, tão bem quanto possível.

Muitas crianças têm em si grandes possibilidades que algumas vezes não desabrocham; elas possuem talentos ocultos para os quais não há escopo em suas vidas. Por isso, quando alguém recebe a tarefa de educar uma criança, não deve pensar que é uma tarefa insignificante. Essa visão é completamente equivocada, porque se ajudarmos a criança a se desenvolver da melhor maneira possível, ela crescerá e fará muitas coisas boas. Com o auxílio que damos aos outros podemos estar ajudando ao mundo de maneira ampla, muito mais do que podemos entender.

Apenas os melhores homens e mulheres deveriam ser escolhidos como educadores. Não necessariamente os melhores do ponto de vista acadêmico. Muito freqüentemente aqueles que obtêm uma graduação o fazem através da superconcentração em um determinado assunto, o que, em muitos casos, resulta numa perspectiva estreita e algo desequilibrada. Nem sempre os eruditos são os melhores para desempenhar certas tarefas, como lidar com pessoas.

ISSO É UMA VERGONHA!

FALTA DE LEITURA GERA ANALFABETOS FUNCIONAIS

Leitura no Brasil é uma "vergonha", diz "The Economist"
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da Folha Online

A aversão dos brasileiros aos livros virou assunto da última edição da influente revista britânica "The Economist". Para a publicação, a situação precária das bibliotecas públicas e o baixo índice de leitura dos brasileiros constituem "motivo para vergonha nacional", juntamente com o crime e com as taxas de juros.

Leia abaixo uma tradução do texto "Um país de não-leitores" publicado pela "The Economist".

"Muitos brasileiros não sabem ler. Em 2000, um quarto da população com 15 anos ou mais eram analfabetos funcionais. Muitos simplesmente não querem. Apenas um adulto alfabetizado em cada três lê livros. O brasileiro médio lê 1,8 livros não-acadêmicos por ano --menos da metade do que se lê nos EUA ou na Europa. Em uma pesquisa recente sobre hábitos de leitura, os brasileiros ficaram em 27º em um ranking de 30 países, gastando 5,2 horas por semana com um livro. Os argentinos, vizinhos, ficaram em 18º.

Em um raro acordo, governo, empresas e ONGs estão todos se esforçando para mudar isso. No dia 13 de março, o governo lançou o Plano Nacional de Livros e Leitura. A medida busca impulsionar a leitura, por meio da abertura de bibliotecas e do financiamento de editoras, entre outras coisas. A ONG Instituto Brasileiro de Leitura traz livros para as pessoas: a entidade instalou bibliotecas circulantes em duas estações do metrô na cidade de São Paulo, e planeja outra em uma escola de samba. está se tornando comum ver personagens nas novelas da TV lendo. Os cínicos lembram que a Rede Globo, maior emissora de TV do país, também publica livros, jornais e revistas.

Um fator que desencoraja a leitura é os livros serem tão caros. Na Bienal do Livro de São Paulo, nesta semana, "O Código Da Vinci" estava à venda por R$ 32 --mais de 10% no salário mínimo do país. A maioria dos livros tem tiragens baixas, puxando para cima os preços.

Mas a indiferença dos brasileiros pelos livros tem raízes mais profundas. Séculos de escravidão levaram os líderes do país a negligenciar a educação. A escola primária só se tornou universal na década de 90. O rádio era uma presença constante já nos anos 30; as bibliotecas e as livrarias ainda não conseguiram emplacar. "A experiência eletrônica chegou antes da experiência escrita", disse Marino Lobello, da Câmara Brasileira do Livro, um órgão da indústria.

Tudo isso significa que o mercado de livros brasileiro tem o maior potencial de crescimento no mundo ocidental, lembra Lobello. Essa idéia tem atraído editoras estrangeiras, tais como a espanhola Prisa-Santillana, que comprou uma casa editorial local no ano passado. Editoras evangélicas americanas miram o mercado de livros religiosos, que superam as vendas de livros de ficção no Brasil.

Mas a leitura é um hábito difícil de formar. Os brasileiros compraram menos livros em 2004 --289 milhões, incluindo livros didáticos distribuídos pelo governo-- do que em 1991. No ano passado, o diretor da Biblioteca Nacional se demitiu após um mandato controverso. Ele se queixou de ter menos bibliotecários do que precisava e de que as traças já haviam roído muito do acervo. Juntamente com o crime e com as taxas de juros, isso é motivo para vergonha nacional."

Eu, como educador estou fazendo minha parte. Você está fazendo a sua?
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Vamos mudar isso juntos!

terça-feira, 3 de maio de 2011

SEM SOLUÇÃO À VISTA PARA O CALOTE UFMA/DAC/SOUSÃNDRADE

É CALOTE OU NÃO É?

Estamos entrando para o sexto mês desde o 23º Festival Maranhense de Poesia (18 e 19/11/2010) e até agora os vencedores não receberam seus prêmios em dinheiro e muito menos qualquer satisfação (ou explicação plausível)por parte das entidades (des)organizadoras desse "estrupício de Festival". Eles querem que o tempo passe e as coisas fiquem como estão, empurradas com a barriga para o esquecimento. Mas não vai ficar assim. Nesta semana, eu estarei entrando com uma ação judicial contra esses desorganizadores e acredito que, por mais que demore a sair o prêmio em dinheiro, ele sairá com juros e correções.
Abaixo, confiram a ediçaõ deles mesmos sobre o Festival.


SÁBADO, 20 DE NOVEMBRO DE 2010
Wesley Sousa Silva vence o 23º
Festival de Poesias Sousândrade
.
A Universidade Federal do Maranhão encerrou na última sexta-feira, no Teatro Reinaldo Faray da 4ª Feira do Livro de São Luís (Praça Maria Aragão, Centro), o 23º Festival de Poesias Joaquim de Sousa Andrade “Sousândrade”. O festival é uma promoção e realização da Universidade Federal do Maranhão/DAC/Proex, com o apoio cultural da Prefeitura de São Luís, por meio da Fundação Municipal de Cultural.
Após a declamação das 12 finalistas, a organização do festival anunciou os vencedores. A melhor poesia do 23º Festival foi “XII”, de Wesley Sousa Silva. Em segundo lugar ficou “Anti-Silêncio”, de Sebastião Ribeiro Filho e em terceiro, a poesia vencedora foi “Veneziana”, de César Borralho. Na categoria interpretação, o 1º lugar ficou com Heriverto
Nunes, que declamou a poesia Ave Música’, de Andréa Costa.
A comissão do mérito literário foi composta pelos poetas Paulo Melo Sousa, Josoaldo Lima Rego, coordenador técnico do festival, e Celso Borges. Já a comissão julgadora de interpretação foi formada pela atriz e diretora Cássia Pires, e as atrizes Keila Santana e Cristiane Cardoso. A premiação geral é de R$ 5.700,00, mais Troféu Oficial e participação no livro digital em CD ROM, informou Josoaldo Lima Rego,
O melhor poema receberá R$ 1.600,00; 2º Lugar: R$ 1.300,00; 3º Lugar: R$ 1.000,00; Melhor Intérprete: 1º Lugar: R$ 800,00; 2º Lugar: R$ 600,00 e o 3º Lugar: R$ 400,00. O diretor do Departamento de Assuntos Culturais da UFMA e coordenador geral do festival, Professor Doutor Alberto Pedrosa Dantas Filho, anunciou a realização do 24º Festival Maranhense de Poesias, em 2011, com muitas inovações.

Confira a lista dos vencedores:
Poemas Vencedores
1º lugar. XII, de Wesley Sousa Silva
2º lugar. Anti-Silêncio, de Sebastião Ribeiro Filho
3º lugar. Veneziana, de César Borralho
Menção Honrosa. Botas-Calçadas-de-Concreto, de Igor-Pablo

Interpretes Premiados:

1º lugar. Heriverto Nunes (‘Ave Música’, de Andréa Costa)
2º lugar. Nana Cardoso (‘Quem Sou Eu’, de Josué Sobreira Castro)
3º lugar. Carlos Wagner Bastos (‘Sem Eira Nem Beira’)
Menção Honrosa. Thiago AS, pelo poema ‘Fotografia’ de José Ricardo Miranda.

Pauta:
Alberto Dantas Filho: 3232 3901 - 3231 2887


Veja fotos do festival em:
http://laurovasconcelos.blogspot.com
Lauro Vasconcelos - Contato: 88381136
Postado por Notícias Culturais D.A.C. às 07:33 0 comentários

BARBÁRIE VERSUS CIVILIZAÇÃO

DEMASIADO HUMANO?*

Ao longo do tempo, os conflitos entre povos e nações mudaram seus motivos, porém mantiveram seu traço de absurdo. Se somos seres dotados de razão e interessados em encontrar a felicidade, por que, então, vivemos em guerra?
Por Jaya Hari Das**

Após uma década de século 21, a humanidade ainda não vislumbra a possibilidade de ver fundado um pacto social que promova a justiça social como consequência imediata e a felicidade como consequência última. Por que, ainda hoje, pomos em risco nossas vidas, a vida de muitos, a vida de todos, produzindo a guerra? Por que o animal racional é irresponsável para com sua própria existência e intolerante para com seu semelhante, se a razão (e não a loucura) nos aconselha caminhos de diplomacia e de compreensão mútua, e deveria servir de fundamento para nossas relações?

Neste instante, há um conflito, grande ou pequeno, mas certamente sério o suficiente para nos pôr em alerta contra nós mesmos, em algum lugar do mundo. Nunca houve um único momento de verdadeira paz, em todos os lugares, ao mesmo tempo. Se a racionalidade ainda não foi capaz de instituir um contrato social baseado no respeito pela alteridade de indivíduos, povos e nações, e se o sentido de responsabilidade no homem, até o presente momento, não foi suficientemente rigoroso em firmar as bases de uma justiça social abrangente, então, tampouco, ou dificilmente, o ideal de felicidade poderá ser alcançado aqui na Terra, a despeito dos avanços científicos, da melhoria na qualidade de vida, dos tratados filosóficos, das exortações religiosas e dos esforços dos homens de boa vontade que ainda existam por aí.

Seremos nós, aqui, também forçados a perguntar, como o fez o Diabo de abernard shaw em Homem e Super-homem: uma comédia e uma filosofia, “Para que serve o conhecimento?” – isto é, para que serve nossa racionalidade? Será mesmo o homem, como diz o debatedor de Don Juan, pouco criativo na arte do viver e superior à natureza na arte de matar e fazer sofrer seu semelhante? Sejam quais forem as respostas para essas perguntas, numa coisa devemos concordar com Bernard Shaw:
“A razão escraviza todas as mentes que não são suficientemente fortes para a dominarem”. Será que o historiador Will Durant também tem razão ao dizer: “A ciência nos ensina a curar e matar; reduz a taxa de mortalidade no varejo e depois nos mata por atacado na guerra”?


Questão da paz
A existência e o sentido da vida sempre foram fontes de inspiração e de preocupação para a Filosofia. A racionalidade, privilégio do ser humano, sempre foi a via e o fundamento das discussões e proposições feitas ao longo da história da humanidade. A questão da paz (ou da guerra) tem a ver diretamente não somente com nossa compreensão de ética, justiça e racionalidade, como também com a aplicação destas em nossas vidas. Por essa razão, apresenta-se a nós a necessidade de averiguar, a partir dos filósofos que trataram cada uma delas à sua maneira, como a racionalidade pode promover a justiça social e em que medida poderá essa justiça nos conduzir realmente à felicidade.

Desde os tempos mais remotos, o homem vem tentando viver em bando, ou em sociedade, buscando assim sua proteção e seu bem-estar. Nessa trajetória, ele impôs regras a si mesmo, a fim de manter um convívio pacífico com seus semelhantes e tentar preservar sua vida e seus bens materiais e afetivos. No entanto, muitas foram (e ainda são) as dificuldades encontradas na realização de seu intento e, infelizmente, as ameaças a seu afã existencial, ao que parece, encontram- se nele mesmo. Entramos no século 21 incertos quanto à nossa capacidade de fazer desaparecer do nosso mundo a máxima que paira sobre a humanidade: bellum omnium contra omnes.

Em sua obra Leviatã, Thomas Hobbes defende a ideia de que no estado natural os homens são egoístas e que sem a existência da sociedade civil há necessariamente competição por riqueza, segurança e glória. Entretanto, apesar de teoricamente termos deixado o estado natural para viver no estado civil, na prática, a luta em favor dos interesses pessoais continua e, portanto, nosso teórico contrato social está rompido. A afirmação de Hobbes Homo homini lupus parece verossímil quando despimos de um extremo a outro a sociedade – da crua realidade das favelas e comunidades carentes às mansões e palácios da high society. O empirista britânico nos faz lembrar que as abelhas e as formigas são criaturas que vivem socialmente bem (Aristóteles as considera considerava criaturas políticas) e tenta explicar porque não conseguimos fazer o mesmo.

Ora, não precisamos ir tão longe para encontrar as razões de tal impossibilidade. A árdua tarefa de conviver implica renúncia, tolerância e determinação, que em si mesmas nada significam enquanto não estiverem imbricadas em uma racionalidade que promova homem éticos e governo justos. Porém, essa ética e essa justiça social precisam ser implantadas no mundo real e não apenas em tratados sociais, políticos e filosóficos. Eis que uma coisa nos inquieta: conviver será tão difícil assim?

Justiça e bem comum
Em A República, Platão (427-347 a.C.) nos apresenta uma cidade perfeita e autêntica, na qual a educação formaria o homem moral, sob um governo verdadeiramente fundado sobre o valor supremo da justiça e do bem. A justiça nada mais seria senão a harmonia que se estabelece entre três virtudes: temperança, coragem e sabedoria, quando cada cidadão e cada classe social desempenham as funções que lhe são próprias, da melhor forma, e fazem aquilo que por natureza e por lei são convocados a fazer. Tal cidade realizar- seia primeiramente no interior de cada homem e, somente depois, fora dele, em coletividade. Nesse sentido, a racionalidade deveria propiciar a elevação do homem natural, a fim de que ele, ciente e aparelhado daquelas virtudes, pudesse instaurar na História a cidade ideal.


Vista do ponto em que estamos agora, a concepção platônica de que o conhecimento e a educação controlariam os instintos, a ganância e a violência do homem e os valores instituídos na civilização seriam uma espécie de antídoto contra todo mal que uns poderiam causar aos outros, dentro das sociedades, não passa de um ideal utópico. Fácil é perceber que, uma vez que ainda não nos foi possível tal proeza, a despeito da razão habitar em nós conspicuamente, longe de nós ainda estão aquelas virtudes. No entanto, o próprio Platão nos advertiu: “A justiça seria uma questão simples, se os homens fossem simples”.

No diálogo Menão, Platão nos apresenta o questionamento sobre se a virtude pode ser ensinada, se pode ser adquirida com exercícios ou se a recebemos por natureza. Ao que Sócrates teria rebatido dizendo que “antes deve-se procurar saber o que é a virtude” e Menão teria então replicado: “Como seria possível buscar o que não se conhece, pois encontrando-a corremos o risco de não reconhecê-la”. Para desembaraçar-se dessa problemática, Platão recorre à sua doutrina da reminiscência, que reza: “O conhecimento em geral, das coisas universais e necessárias, é possível mesmo quando se busca o que ainda não se sabe, pois em nós há opiniões que podem ser verdadeiras, e estas nos conduzem a conhecimentos bem fundamentados”. Em outras palavras, haveremos de saber o que é a virtude, o que é o bem e o que é a justiça assim que se apresentem diante de nós como realidades e não como ilustres temas do exercício fugaz de nossa intelectualidade.

Aristóteles (384–322 a. C.), por sua vez, mesmo tendo sido discípulo de Platão, afastou-se de tal teoria, mantendo-se fiel ao modo filosófico de perguntar pelo que é. O estagirita nos vem dizer que “não investigamos para saber o que é a virtude, mas a fim de nos tornarmos bons”. Para ele, a virtude precisa se tornar um hábito, por isso deve ser praticada constantemente. Tanto em Ética a Nicômacos, quanto em Ética a Eudemo, o filósofo nos apresenta o problema defendendo que o bem é próprio a cada coisa em particular (a sua essência), de forma que o homem não deve desejar ser o que ele não é e sim contentar-se com o ser que lhe é próprio, que corresponde ao bem dentro do grau que ele ocupa na escala ontológica. Diz ele: “O homem que deseja viver bem deve viver segundo a razão”, e que “O bem supremo realizado pelo homem (a felicidade) consiste em aperfeiçoar- se enquanto homem, na atividade que o diferencia de todas as outras criaturas – a racionalidade”. Lição aprendida? Evidentemente, não!

Alasdair Macintyre , em sua obra Justiça de quem? Qual Racionalidade?, argumenta que as concepções rivais e totalmente incompatíveis da justiça são o resultado de formas rivais e totalmente incompatíveis da racionalidade prática. Diz ele: “Habitamos uma cultura na qual a inabilidade de se chegar a conclusões comuns e racionalmente justificáveis sobre a natureza da justiça e da racionalidade prática coexiste com a utilização, por parte de grupos sociais em oposição, de um conjunto de convicções rivais e conflitantes não embasadas na justificação racional”. Donde desprende-se que a racionalidade (tão glorificada e, ao mesmo tempo, tão questionada por nós até aqui) sobrecarrega-se, por assim dizer, de diferentes concepções, tornando os critérios de valoração moral diversos, aqui e ali, entre grupos de indivíduos ou sociedades. Destarte, a ética e, mais precisamente, a justiça terão dificuldades de ser instaraudas universalmente, dentro de padrões de justificação racional díspares.

Marilena Chaui nos diz, no capítulo 5, intitulado A Filosofia Moral, de seu Convite à Filosofia, que “toda cultura institui uma moral, isto é, valores concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido, e a uma conduta correta, válidos para todos os seus membros. Culturas e sociedades fortemente hierarquizadas e com diferenças de castas ou de classes muito profundas podem até mesmo possuir várias morais, cada uma delas referida aos valores de uma casta ou de uma classe social”. Vemos, então, que há de se ter dificuldade na elaboração e efetivação de uma realidade boa e justa mesmo numa estrutura particular (numa única sociedade, por exemplo), que dizer então da possibilidade de universalizar essa realidade?! Neste ponto, cabe lembrar a conclusão a que chegou Montaigne , ao se deparar com três caciques tupinambás na corte do rei Carlos IX, da França. Depois de comparar aqueles selvagens com os civilizados europeus de então, o pensador concluiu que os índios eram superiores, devido à sua coerência com a própria cultura, à dignidade e ao senso de justiça, enquanto os europeus promoviam banhos de sangue em suas conquistas na América e em suas guerras ditas religiosas.

Recorrendo a Nietzsche
Diante da dificuldade de solucionar esta questão causticante a que nos lançamos, proponho uma mudança de estratégia – por que não procuramos respostas na desconstrução moral nietzscheana, por exemplo? Se estamos, de fato, de volta ao começo de nossas indagações, que tal recomeçar com uma pergunta do próprio Nietzsche? “Por que tememos e odiamos nós um possível retorno à barbárie? Por que ela faria os homens mais infelizes do que são?”. Dito assim, a marteladas, quem dentre nós não se convencerá em definitivo que da barbárie à pós-barbárie os homens parecem os mesmos? Felizes ou infelizes! Mas o homem-martelo ousa um pouco mais e diz: “Os bárbaros de todas as épocas foram mais felizes – não nos iludamos! Mas nosso instinto de conhecimento é muito desenvolvido para que possamos ainda apreciar a felicidade sem conhecimento ou a felicidade de uma ilusão sólida e vigorosa [...]. A paixão do conhecimento talvez leve mesmo a humanidade a perecer!” Gostaria de lembrar que a palavra “Aurora” lembra “o despertar”, quiçá “o abrir-de-olhos” de uma humanidade que, a despeito de sua longa jornada pela História, põe sua esperança num mundo melhor, ora em sua fé religiosa, ora em sua faculdade racional – os únicos pastores capazes de apascentar suas ovelhas num "pasto social".

Nietzsche destrói toda e qualquer possibilidade de o homem ter direito à elaboração de uma ética que tenha a pretensão de ser “a verdade”. Ele denuncia que tudo o que os arquitetos filosóficos edificaram está em ruínas, isto é, que todo o esforço de Sócrates, Platão e Kant mais precisamente na construção do perene edifício da verdade, agora jaz em escombros. Para o filósofo-desconstrutor, o homem, na verdade, cria a partir de uma imagem que projeta de si mesmo como centro do mundo, conceitos metafóricos que, esquecidos com o tempo, passam a valer como “verdades”. A questão da ética passa, inexoravelmente, pela questão da verdade, pois a ética se propõe como a moral universal e a verdade, como o axioma universal, sendo aquela o espelhamento desta. Nietzsche, como o questionador par excellence da moral e da verdade como fundamentos da existência humana, ao mesmo tempo em que defende a valorização dos puros instintos e a supremacia destes sobre a manobras axiológicas, perpetradas desde Sócrates até Kant, vai dizer no parágrafo 1 de Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral que “Qualquer moral, opostamente ao laisser aller, é uma espécie de tirania contra a ‘natureza’ e também contra a ‘razão’”.

O homem-dinamite acredita saber a razão de todo esse descaminho: “É porque nós, desde milênios, temos olhado para o mundo com pretensões morais, estéticas, religiosas, com cega inclinação, paixão e medo, e porque nos temos relegado nos maus hábitos do pensamento ilógico, que esse mundo pouco a pouco veio a ser tão maravilhosamente colorido, apavorante, profundo de significação, cheio de alma; ele adquiriu cores – mas somos nós os coloristas: o intelecto humano fez aparecer o fenômeno e transpôs para as coisas suas concepções fundamentais errôneas”. Em suma, o que o filósofo da desconstrução nos quer dizer (e realmente nos diz) é que “temos de aprender a desaprender, para que, enfim, talvez, possamos mudar de sentir”.

Já na modernidade, sentenciava: “Em proporção com a maneira de viver de milênios inteiros da humanidade, vivemos nós, homens de agora, em um tempo muito não-ético: a potência do costume está assombrosamente enfraquecida e o sentimento da eticidade anda tão refinado e tão transportado para as alturas que pode, do mesmo modo, ser designado como volatilizado”. Na tentativa de estabelecer a “verdade” numa esfera transcendente à humanidade, a racionalidade falha porque, ao mesmo tempo, põe essa deusa (Veritas) no campo do humano, demasiado humano, fazendo dela um joguete nas mãos de homens que nada mais querem senão encontrar uma justificação racional para suas convicções, crenças e valores.

A Filosofia será sempre uma inquietação que problematiza, não para dar respostas conclusivas e agradáveis, mas para ampliar os horizontes de uma humanidade mergulhada no racionalismo. Platão e Aristóteles plantaram seus ensinamentos no seio da humanidade, apontaram caminhos para dúvidas e conflitos da própria racionalidade; Nietzsche abalou, “a marteladas”, os alicerces das frágeis convicções e dos valores empedernidos, demonstrando com sua “filosofia da desconstrução” que não são os instintos humanos os vilões de nossa infelicidade. O impasse a que a questão aqui levantada nos faz recorrer a uma última indagação – não se sabe ao certo se ela foi feita anteriormente por um filósofo ou profeta: "Todos os seres até hoje criaram alguma coisa superior a si mesmos; e vós quereis ser o refluxo deste grande fluxo e até mesmo retroceder às bestas, em vez de superar o homem?".

* Artigo publicado na Revista Conhecimento Prático Filosofia Nº29.
** Filósofo, escritor, poeta, músico, compositor, sistematizador da Terapia Hari* e diretor/difusor do MOFICUSHINTH*

ESTA PUBLICAÇÃO TEM COMO PATROCINADORES: DELLA FRUTA SORVETES E MADEIREIRA CLASSE A, PARCEIROS DO MOFICUSHINTH*

ATIVIDADES DO MOVIMENTO DO PROF. JAYA

UM MOVIMENTO QUE É "CLASSE A"


Além das atividades como professor (cursos presenciais e on-line) e como difusor da cultura (Sebo Virtual "Qualé-ad-quenlê?"), estou ainda em campanha aberta pelo Movimento Filosófico. Vale conferir nossas conquistas:


O trabalho de divulgação feito pelo Prof. Jaya neste final de semana rendeu bons frutos para este Movimento. Além da venda expressiva de pontos da rifa de 01 Câmera Digital Kodak, a ser sorteada no Dia dos Namorados (12/06), durante a Festa de Aniversário do Prof. Ruy Marcos e no corpo-a-corpo, com as pessoas próximas de sua residência, além disso, o diretor deste Movimento angariou a parceria da Madeireira Classe A, localizada próximo à rotatória da Av. dos Franceses com Africanos.
Esta nossa nova parceira vem crescendo a olhos vistos na sua atividade e, como parte de nosso compromisso, estará presente em nossas publicações neste blog.
A Madeireira Classe A funciona de segunda a sexta, em horário comercial normal, mas não abre aos sábados, voltando a funcionar somente nas manhãs de domingo até às 13h. Recebe os cartões Visa, Master e CrediShop, além disso tem grandes promoções para os próximos dias, passem lá e confiram!

Lembramos aos leitores deste blog que esperamos que incentivem seus parentes e amigos, proprietários de lojas comerciais, lanchonetes e empresas de qualquer ramo a fazerem uma parceria com este Movimento, a qual é uma via de mão dupla, pois uma das diretrizes do MOFICUSHINTH* é sempre dar algo em troca daquilo que recebe de seus colaboradores, como devem ser as boas relações.

Nossas boas-vindas à MADEIREIRA CLASSE A (Av. dos Franceses, Nº500 - Outeiro da Cruz -Fone:(98) 3243-4435 - E-mail: madeireiraclassea@hotmail.com ; "Madeiras de Qualidade - Entrega Imediata").